domingo, 8 de dezembro de 2013

IX FESTIVAL DE TEATRO DE FORTALEZA: UMA FALÁCIA!

Não nos inscrevemos (por questões particulares) neste festival. Por isso, nos sentimos isentos para publicar o manifesto a seguir.

Compartilhamos da absoluta frustração dos grupos participantes, com a total incompetência e inoperância dos organizadores do IX FESTIVAL DE TEATRO DE FORTALEZA Co-assinamos o presente manifesto e o divulgamos a seguir:

"Esta é uma carta permeada por insatisfação. Somos coletivos e grupos e artistas de teatro que sonham e realizam diariamente a possibilidade do encontro e da troca entre humanidades e culturas em Fortaleza. Desde sua origem, a ideia de Festival caracteriza-se nas ações de conhecer, fazer, ver, olhar o outro, reconhecer, transformar a cidade e festejar o teatro.

Tais atos tiveram um reflexo inerte no IX Festival de Teatro de Fortaleza, que trouxe como tema “O teatro e a cidade”. Muito longe estivemos do encontro com Fortaleza, por isso sentimos a necessidade de tornar públicas as dificuldades confrontadas com este evento que deveria ser de todos, mas que não foi. “O teatro e a cidade” se mostrou tema falacioso, apenas publicidade esvaziada de uma ação politica que mascara - em números e atividades desarticuladas - uma discussão sobre o teatro em Fortaleza. Os inúmeros acontecimentos de descaso e inoperância por parte da Secretaria de Cultura de Fortaleza, responsável pelo Festival, e da produtora contratada por licitação pública para sua realização, tornaram os dias 23 a 30 de novembro uma contradição diante a potência do que poderia ter se dado entre nós e a cidade.

Os desajustes que experenciamos começaram ao desconsiderar o dialogo aberto na pré-produção do evento, dialogo que se perdeu a partir da execução do Festival, especialmente pela falta de escuta às demandas do Fórum de Teatro, não estabelecendo entre este e a curadoria do Festival qualquer tipo de diálogo que orientasse caminhos e conceitos para sua realização, entregando-o, ao contrário, a uma curadoria “personalizada”, na figura de um único curador convidado (Kil Abreu), no que se refere à escolha dos espetáculos de outras partes do país. Negligenciou-se assim o crivo de uma seleção nacional aberta, com critérios estabelecidos, alinhada a uma concepção prévia e coletivamente pensada sobre o teatro necessário ao Festival de Fortaleza. A falta de diálogo resultou num festival feito às pressas, mal pensado e mal organizado, impingindo aos seus participantes exigências burocráticas despropositadas para os recebimentos de cachês e, sobretudo e mais grave, licitando, com recurso público, uma produtora, a N’ativa Promo, que realizou a produção do evento com extremo descuido e despreparo. Tal produtora não dispõe em seu histórico, de NENHUMA experiência na produção de festivais de teatro, o que logo se fez perceber.

É neste ponto, na execução do Festival de Teatro de Fortaleza, que deixamos de tratar de desajustes no diálogo, pelo visto delicado, com a SECULTFOR, e ingressamos na vivência pura e simples do absurdo. 

Não há termo mais indicado para designar acontecimentos tais como: 

(1) abrir um festival de teatro em local sem as condições mínimas para se fazer teatro (capacidade de espectadores, acústica, segurança – nem mesmo banheiro!), ou 

(2) encerrá-lo com uma festa prometida que simplesmente não houve (sequer a produção responsável pela sua realização compareceu!); ou 


(3) ainda trazer à cidade críticos e curadores de todo país para apreciar a programação do evento – presença não divulgada, ressalte-se - e “esquecê-los” no hotel, privando-os de assistir aos espetáculos (!); ou 


(4) constranger trabalhos artísticos a deparar-se com plateia literalmente vazia; ou 


(5) indispor os participantes do festival com uma produção que jamais trabalhara com teatro, cometendo barbaridades como a de invadir a cena em plena realização dos espetáculos (!), atrapalhá-los conversando em voz alta durante suas apresentações, ou 

(6) criar dificuldade para a resolução dos mais básicos problemas técnicos. Esses seis absurdos aqui listados inicialmente, na realidade, constituem um recorte de uma série de outros incidentes, vividos, de diferentes maneiras, por muitos participantes do festival (locais e convidados) e que podem ser lidos detalhadamente através dos relatos que acompanham anexo esta carta.


Incidentes que, somados, sinalizam o total despreparo para com a realização deste Festival, que, em termos gerais, fez-se sentir por razões tais como:

- A divulgação inexpressiva (em rádio, TV, mídia impressa ou virtual);

- O descuido com espaços físicos inadequados ou despreparados para a realização teatral (Galpao da Rffesa, Theatro José de Alencar, CEJA e Teatro das Marias);

- A falta de acompanhamento das atividades formativas desenvolvidas por grupos teatrais em suas sedes, ausentes de público, de apoio e diálogo com a produção do evento;

- A falta de integração dessas atividades com as demais atividades do festival, que resultaram, em grande medida, desperdiçadas e isoladas;

- A montagem de uma programação confusa, impossível de ser acompanhada inteiramente ou mesmo razoavelmente.

Nem mesmo um ponto de encontro, entre artistas e público, tão comum a qualquer festival que celebre a sua realização, especialmente àquele que pretende relacionar o “teatro e a cidade”, ocorreu ao Festival de Teatro de Fortaleza. Justamente quando da edição que dispôs de maior rubrica orçamentária dos últimos anos (R$ 800 mil reais).

Intriga-nos na verdade, saber onde estava a Prefeitura, através de sua Secretaria de Cultura, responsável pelo Festival, ao longo de sua turbulenta realização, que, pelo visto, não foi acompanhada de perto, e se omitiu de mediar os muitos problemas que marcaram o evento.

Queremos também saber da SECULTFOR, não somente como artistas, mas como cidadãos, por meio de prestação de contas pública, de que maneira foi gasto o recurso de R$ 800 mil destinados a um Festival que sequer conseguiu igualar-se em estrutura e atividades com edições anteriores que dispuseram de orçamento que sequer chegou à metade deste último.

Como artistas de teatro e cidadãos, exigimos da SECULTFOR transparência e critérios rígidos na próxima licitação, dialogando com os artistas as prerrogativas para a participação de empresas na execução do Festival de Teatro Fortaleza de 2014, comprovando especialmente o histórico das empresas em produção teatral e de realização de festivais de teatro.

Exigimos também formas legais de sanção à produtora N’Ativa Promo, licitada para esta edição do Festival, que deu mostras exemplares de sua incompetência no desempenho de tal função, e que, portanto, não cumpriu com suas atribuições contratuais, agravadas por serem pagas com dinheiro público.

É necessário que se compreenda a importância do Festival de Teatro de Fortaleza, assegurado em lei, que se trata de uma conquista da classe teatral de Fortaleza e um direito da cidade.

Que se trata, portanto, mais do que um evento (como parece ao gosto da atual gestão da SECULFOR), que se trata de política cultural, a ser conduzida de modo continuado e consistente.

Que, por se tratar de política cultural assegurada em lei, não deve submeter-se às idiossincrasias de cada nova gestão da Prefeitura de Fortaleza, no sentido de descaracterizar o Festival no lugar de desenvolver suas prerrogativas. 

Que ele seja compreendido como o resultado de um diálogo permanente entre poder público e classe teatral da cidade, diálogo aqui ignorado. Que tenha uma cara, um conceito, um modo de ser e desenvolva-se a partir dele e com a devida estrutura necessária.

Propomos, desde já, que seja formada, e encampada pela SECULTFOR, uma Comissão Permanente designada a acompanhar todas as etapas de produção do Festival de Teatro de Fortaleza, eleita pelo Fórum de Teatro, articulando assim o Festival às demandas reais da classe teatral. 

Que haja diálogo, transparência e planejamento na sua realização.

Que se compreenda que gestões passam. O teatro de Fortaleza e o seu Festival permanecem.

Abaixo assinamos,

1. Pavilhão da Magnólia (CE)
2. Expressões Humanas (CE)
3. Teatro Máquina (CE)
4. Grupo Bagaceira (CE)
5. Ricardo Guilherme (CE)
6. Cia. Prisma de Arte (CE)
7. Circo Tupiniquim (CE)
8. Kléber Lourenço (PE)
9. Teatro em Película (CE)
10. Coletivo Artística As Travestidas (CE)
11. EmFoco Grupo de Teatro (CE)
12. Cia Sol de Arte - João Andrade Joca (CE)
13. Grupo Escambau (CE)
14. Inquieta Cia. de Teatros (CE)
15. Mário Filho (CE)
16. Projeto Achados e Perdidos (CE)
17. EmFoco Grupo de Teatro (CE)
18. Grupo Formosura de Teatro (CE)
19. Associação Artística Nóis de Teatro (CE)
20. Teatro Mosca (CE)
21. Samia Bittencourt (CE)
22. Coletivo Os Pícaros Incorrigíveis (CE)]
23. Cia. Plural de Artes Cênicas (CE)."

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