(Por Tonico Lacerda Cruz)
DIA NACIONAL DO TEATRO DE BONECOS: 27 DE ABRIL
No Brasil, o Dia Nacional do Teatro de Bonecos é comemorado, oficialmente, no dia 27 de abril.
Esta comemoração foi fixada pela da ABTB - Associação Brasileira de Teatro de Bonecos, também como memória do dia de sua fundação, que aconteceu nesta data, em 1973.
A ABTB representa a UNIMA - Union Internationale de la Marionnette, que, também possui o Núcleo Ceará, que é a Entidade de Classe representativa dos artistas cearenses de bonecos, localizada à Rua Carolino de Aquino, 421 – Bairro de Fátima – Fortaleza – CE.
DIA MUNDIAL DO TEATRO DE BONECOS: 21 DE MARÇO
O Dia Mundial do Teatro de Bonecos ou Dia Mundial do Marionete (World Puppetray Day) é comemorado em 21 de março.
A idéia para o Dia Mundial do Marionete veio da personalidade muito conhecida do teatro de fantoches: o Iraniano Dzhivada Zolfagariho. Em 2000, no XVIII Congresso da Union Internationale de la Marionnette (UNIMA), em Magdeburgo (Alemanha), ele fez a proposta para discussão.
Mas, apesar do fato de que o debate sobre o lugar e tempo para o feriado ter sido muito movimentada, este problema não foi resolvido. Apenas dois anos mais tarde, em uma reunião do Conselho Internacional de UNIMA em Junho de 2002 em Atlanta (EUA), a data da celebração foi definitivamente formalizada.
A tradição deste dia comemorativo para artistas que trabalham com teatro de bonecos em todo o mundo começou, então, em 21 de março de 2003. Desde esta época, todos os profissionais e fãs do Teatro de Bonecos celebram o Dia Mundial do Teatro de Bonecos.
A UNIMA – UNION INTERNATIONALE DE LA MARIONNETTE – INTERNATIONAL PUPPETRY ASSOCIATION
A UNIMA (Union Internationale de la Marionnette - International Puppetry Association) foi fundada em Praga, em 1929 (a revista da então Checoslováquia - Loutkář , foi primeira revista oficial da UNIMA nos anos 1929-1930).
Em 1981, Jacques Felix mudou a sede da UNIMA para Charleville-Mézières, na França.
A UNIMA é filiada à UNESCO e é membro do Instituto Internacional de Teatro.
Clique AQUI para ir ao SITE DA UNIMA.
HISTÓRIA DO TEATRO DE BONECOS
(Por Tonico Lacerda Cruz)
Podemos afirmar que o Teatro de Bonecos surgiu contemporaneamente ao Teatro, propriamente dito. De fato, o teatro primitivo era feito intuitivamente pelo homem primitivo, que se cobria com a pele de animais e se fazia passar pelo animal, ou que, na cerimônia fúnebre de um membro da tribo, em homenagem ao mesmo, se cobria com as vestimentas do morto e imitava os gestos e a fala dele. Este mesmo homem primitivo também descobriu e se encantou com suas silhuetas nas paredes das cavernas e, a partir daí “elaborou” o teatro de sombras, visando talvez entreter suas crianças. Desde então´, o Homem não parou mais seu impulso criativo. Surgiram os bonecos moldados com barro, desprovidos de junções, para posteriormente aparecerem os primeiros exemplares com a união de cabeça e membros.
Mas, para as civilizações antigas, no Oriente, principalmente na China, na Índia, em Java e na Indonésia, o Teatro de Bonecos conquistou um status espiritual e era tratado com muita reverência. Os orientais consideravam estes bonecos como verdadeiros deuses, dotados de recursos mediúnicos e fantásticos. Eles eram criados com tamanha perfeição que se tornavam idênticos aos seres vivos, muitas vezes inspirados realmente em personagens reais.
Já no ocidente, mercadores trouxeram esta arte para a Europa, onde ao contrário do Oriente, vê-se a razão humana tentando dialogar com o sagrado de forma rudimentar. Na era medieval esta arte foi usada como meio de evangelização. Mas, na Renascença, com o Cristianismo, passou a ser alvo de intolerância religiosa.
Somente no século XVI é que o Teatro de Bonecos chegou às Américas, através dos colonizadores que aqui chegaram, mais uma vez como instrumento de doutrinação religiosa. Ele se consolidou no Nordeste, fixando-se especialmente em Pernambuco, sendo batizado na Paraíba como Babau. Através desta arte os artistas podem transmitir ao público sua mensagem impregnada de temáticas sociais.
A graça do boneco está em sua associação de movimento e sonoridade, o que encanta e seduz principalmente o público. O Teatro de Bonecos está sempre intimamente ligado ao entorno histórico, cultural, social, político, econômico, religioso e educativo. Em cada recanto do Planeta, por conta da diversidade cultural, ele recebe um nome distinto.
Na Itália encontra-se o Maceus, posteriormente substituído pelo Polichinelo; na Turquia, o Karagoz; na Grécia, as Atalanas; na Alemanha, o Kasper; na Rússia, o Petruska; em Java, o Wayang; na Espanha, o Cristovam; na Inglaterra, o Punch; na França, o Guinhol; nos Estados Unidos, o Mupptes; e no Brasil, o Mamulengo.
O TEATRO DE BONECOS NO CEARÁ
O Dramaturgo Ricardo Guilherme escreveu para o jornal O Povo, em 2011 um belíssimo artigo, que muito bem disserta sobre esta arte no Ceará, o qual transcrevemos parte, a seguir:
“No nosso Estado, essa tradição de festas populares - que incorpora temas dos autos dramáticos, dos folguedos, das narrativas orais e do realismo fantástico - se consolidou como uma referência fundante de nossa identidade nas artes cênicas e vem sendo transfigurada em diversas formas de confecção e manipulação, desde os bonecos de fios, os de balcão, os gigantes, os marotes e, sobretudo, os mamulengos.
Por variantes culturais de história e geografia, os mamulengos recebem diferentes denominações. No Rio Grande do Norte, por exemplo, são chamados de João Redondo, Benedito ou Babau; em São Paulo, de João Minhoca; em Minas Gerais, de Briguela. Na zona rural do Ceará, por alusão a um personagem recorrente em incontáveis enredos, os animados por mãos molengas costumam ser denominados de Cassimiro Coco.
Augusto Bonequeiro e o Mamulengo Casimiro |
Uma das matrizes da dramaturgia tradicional popular, o Cassimiro literalmente bota boneco. Suas peripécias nos demonstram o quanto os verbos brincar e representar são sinônimos, pois até mesmo as palavras brinquedo e brincadeira, quando alusivas às calungas e aos calungueiros, designam respectivamente o boneco e a representação que o manipulador empreende.
Cassimiro pertence à estirpe de figuras ficcionais que nunca envelhecem, preservando incólume dentro de si, mesmo na maturidade, a meninice vocacional de uma tipologia na qual resistem, dentre outros, astutos como o João Grilo da literatura de cordel. E então, em face de suas astúcias, os espectadores se dão conta não tão-somente daquela infância atemporal, mas também, em contraposição, do embrutecimento que a alma menina pode sofrer ao deparar-se com os rituais da fase adulta.
Por isso é que tocados pela sensação de alumbramento e estranheza ante o mundo que o Cassimiro Coco transmite, rimos todos nós com a trágica alegria de nos sabermos dialeticamente tão estranhos e ao mesmo tempo tão pertinentes à condição humana.”
Clique abaixo, nos respectivos links para saber sobre:
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