terça-feira, 8 de janeiro de 2013

PARA SER ARTISTA, HÁ QUE SE TER PREPARO. PARA SER PLATÉIA TAMBÉM. DICAS!

Por Tonico Lacerda Cruz

Somos contra qualquer tipo de patrulhamento ideológico ou de sugestionamento sobre o que é certo ou o que é errado. Achamos que o bom senso deve ser a essência de qualquer comportamento.

Não há como falar em certo e/ou errado sem compreender o termo bom senso, pois ter bom senso significa ter uma noção dos direitos alheios, entender as fragilidades dos outros, e é neste sentido que existem os pactos sociais como meta para delimitar um pouco o que se entende por bom senso e senso comum.

Todavia, temos presenciado comportamentos de algumas pessoas nos públicos das platéias de teatro, que foge completamente a isto. Se comportam como se o espetáculo estivesse sendo apresentado EXCLUSIVAMENTE para elas. Transparecem que o ingresso pago lhes dá o direito de serem superiores aos artistas que, por isso, estes lhes devem uma relação servil.

Não estamos nos referindo a "nível cultural ou educacional" e muito menos a determinada "classe social". Estamos falando de BOM SENSO e o mínimo de EDUCAÇÃO.

O espetáculo mal começa e o mal-educado se levanta para tirar fotos. Durante as primeiras cenas, está mais preocupado em mexer no smartphone para publicar as imagens nas redes sociais, mas, quando reconhece uma canção favorita, resolve ficar de pé novamente para registrar o momento especial em vídeo. E canta junto, a plenos pulmões, abafando a voz de quem está no palco.

Quem nunca presenciou uma cena dessas? E isto não é exclusividade de parte do público cearense. É a má educação cultural brasileira.

A revista VEJA ouviu cinco personalidades do cenário cultural da cidade de Belo Horizonte (reconhecida mundialmente, pela sua efervescência cultural), para listar dez regras básicas que deveriam ser seguidas - mas infelizmente muitas vezes não são - pelas pessoas que vão ver espetáculos teatrais, musicais ou mesmo filmes.

O crítico musical Kiko Ferreira, a atriz Teuda Bara, do Grupo Galpão, a doutora em cinema Ana Lúcia Andrade, a coreógrafa Suely Machado, da companhia de dança Primeiro Ato, e o maestro Fabio Mechetti, da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, são unânimes: o público anda se comportando como se estivesse em casa - chega no horário que bem entende, conversa alto e atende o celular no meio da apresentação.

Confira as dicas que eles deram (com alguns retoques nossos) e não passe vergonha por aí.

1- SEJA PONTUAL

Em apresentações ao vivo, atraso é falta de respeito com os artistas e com os outros espectadores. ‘’No teatro, nosso objetivo é fazer as pessoas acreditarem na fantasia’’, diz a atriz Teuda Bara. ‘’O retardatário quebra essa atmosfera.’’ No cinema, apesar de os atores não estarem presentes, chegar depois do início também é deselegante. ‘’Se estiver atrasado, entre sem dar um pio’’, orienta a professora Ana Lúcia Andrade. E contente-se com a primeira poltrona vazia que encontrar. ‘’É muita cara de pau, com o filme rolando, querer um lugar no centro da fileira.’’

2- RESPEITE O LUGAR MARCADO

Quem comprou o assento 32 tem o direito de sentar-se no assento 32. ‘’Não existe jeitinho para isso’’, afirma o crítico Kiko Ferreira. ‘’Quando uma pessoa ocupa o lugar da outra, acontece uma onda de troca-troca e reclamações que dura até o show começar.’’ Sentar-se em outra poltrona só vale quando, depois de a apresentação ter início, ficar claro que ela não foi vendida ou o dono não apareceu.

3- EVITE CONVERSAS PARALELAS

‘’A tela da música é o silêncio’’, afirma o maestro Fábio Mechetti. ‘’A execução da música clássica por 100 artistas requer atenção.’’ Para uma orquestra fazer o seu melhor, a audiência também tem de colaborar. ‘’As pessoas pensam que seus cochichos não são ouvidos’’, destaca a coreógrafa Suely Machado. ‘’Mas várias pessoas cochichando em um ambiente fechado geram um barulho que desconcentra quem está no palco.’’ Depois da apresentação, saia para jantar e converse quanto quiser.

4- DESLIGUE O CELULAR

O telefone móvel lidera o ranking das queixas. ‘’Se o sujeito não for um obstetra, não há razão para deixar o aparelho ligado’’, pondera Ana Lúcia. Para ela, pôr o telefone no modo silencioso é pouco. Suely concorda: ‘’Um adulto deve ser capaz de, por pelo menos duas horas, dar mais valor à arte a que decidiu assistir do que à mensagem de seu amigo’’. O pior dos mundos é atender à chamada e sussurrar para avisar que não pode falar. Se não pode falar, não atenda. ‘’Outro dia, uma senhora quase se enfiou debaixo da cadeira para explicar que estava no cinema’’, diz Ferreira. ‘’Àquela altura, já tinha incomodado todos a seu redor.’’

5- NÃO FILME, NEM TIRE FOTOS

Tirar fotos, especialmente com flash, incomoda quem está no palco. Também é irritante ver os espectadores mexendo em seu smartphone para registrar tudo nas redes sociais antes mesmo de a apresentação acabar. ‘’Qual é o sentido de, em vez de aproveitar o espetáculo, ficar se preocupando em registrar imagens de má qualidade?’’, questiona Suely. Além disso, há que se respeitar os direitos de imagem dos artistas e do espetáculo.

6- CONTROLE A GULA

Cinema e pipoca são um clássico. O assunto, porém, causa controvérsia. ‘’Quanto maior o piquenique, menor a concentração’’, diz Ana Lúcia. Em um arrasa-quarteirão repleto de explosões e gritos na tela, pode até não incomodar tanto. Já se a fita é mais introspectiva, qualquer barulhinho fica insuportável. Lanches com odores fortes são proibidos sempre. No teatro, nem pensar em comida ou bebida.

7- CONTROLE SUAS PERNAS E PÉS

O assento da frente não foi feito para descansar os pés. Nos espetáculo em que a platéia se posiciona no palco, então, nem se fala. ‘’Já soube de artista que interrompeu sua performance para pedir a uma pessoa que tirasse o pé de cima do tablado’’, conta Mechetti. Fez muito bem.

8- NÃO FAÇA DUETO

A pessoa paga para ouvir um determinado artista, e não o seu desafinado vizinho de assento’’, lembra Suely. Cantores de chuveiro devem se contentar em fazer shows no próprio banheiro.

9- NAMORE COM DISCRIÇÃO

Quem nunca namorou no cinema? Poder, pode. ‘’E no teatro também’’, diz Teuda. Mas há limite. Não vale fazer ruído nem balançar a cabeça, atrapalhando a visão de quem está atrás. Mãos dadas continuam sendo o estilo mais elegante para viver um romance no escurinho da plateia.

10- APLAUDA NA HORA CERTA

Os aplausos são esperados por todo artista. Há, porém, hora certa para a manifestação. ‘’Quando assumi a Filarmônica, precisava sinalizar com a mão, entre um movimento e outro, que ainda não era o momento certo de bater palmas’’, recorda Mechetti. No teatro, sobretudo em musicais, ou em óperas, palmas em cena aberta são permitidas. Segundo Teuda, o que dita se a reação é bacana ou exagerada, atrapalhando o andamento, é o bom-senso - que, aliás, é sempre o melhor conselheiro do público bem-educado. Vaias são um atestado de má educação. Não gostou, não aplauda. O artista vai entender.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela visita. Ficaremos felizes se voce fizer seu comentário sobre esta postagem. Continue acompanhando nossa ARTE PLURAL!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...